segunda-feira, 9 de abril de 2012

O que entendo por Probidade, Retidão, Lealdade e Justiça?

PROBIDADE: Como qualquer qualidade ética, é uma virtude e como tal, tem que ser demonstrada na prática. É como um livro, na estante não tem valor algum, quando aberto lido e estudado dele se obtém valor. Portanto, a meu ver não existe probidade como valor moral, existe sim probidade na prática, nos atos, no comportamento. Para mim há probidade quando você demonstra integridade, honestidade e comportamento justo em seus atos. Uma pessoa que tenha valores morais e éticos mas os preserve para si, sem demonstrá-los em seus atos, não está sendo proba. Não existe virtude “de estante”, só existe virtude na prática.
RETIDÃO: A retidão já pressupõe um juízo de valor. Uma coisa é reta em relação a que? Ou seja, a retidão no caso do caráter, tem que ter um parâmetro socialmente aceito. Para saber se é reto, tem que se adequar aos padrões que a sociedade julga aceitáveis. Só haverá retidão se o seu comportamento estiver adequado e aceitável segundo os padrões sociais pois a atribuição de uma valor precisa ser estabelecida em termos comparativos. O que é reto e torto? Apenas a comparação entre ambos oferece a possibilidade de avaliação. Isto faz da retidão um assunto a ser examinado mais profundamente pela Ética pois os valores sociais estão em contínua mudança e perpétua evolução. O que é considerado moral em um país pode ser imoral em outro. Já que os padrões aceitos passam por ciclos evolutivos, ser reto é estar continuamente examinando os propósitos das ações de acordo com a ética e moral vigente em determinado momento histórico. Vai daí que a retidão se destaca e é mais difícil que a probidade pois exige atualização em seus valores. Diante deste ângulo a probidade pode ser uma qualidade particular, privada, individual, mas a retidão sempre exigirá o exame dos valores sociais vigentes portanto é pública, coletiva, grupal, pelo menos no que tange à avaliação de seus valores precípuos.
LEALDADE: Para mim lealdade significa vestir a camisa e honrar as cores da instituição a que você representa. Exige um ato inicial ético e decisório. Antes de vestir a camisa você tem que se questionar se a instituição a que você está escolhendo pertencer se coaduna com o nível de retidão e probidade que você se impõe. Caso contrário não seria ético pertencer às suas fileiras. Além do que demonstrar lealdade ao mal e ao incorreto não é ser ético. Lealdade é também somar forças, cooperar, atuar em grupo, manter-se em sintonia com o objetivo da instituição. Um exemplo histórico é o protestantismo. Existem pessoas que pensam que os “protestantes” eram pessoas externas à Igreja Católica que se opunham às práticas dessa Igreja. Ledo engano. Os protestantes eram as maiores sumidades teológicas da Igreja Católica que se opuseram à venda de indulgências, que foram instituídas com o objetivo imoral de amealhar bens materiais para a construção das instalações físicas da Igreja em Roma. Como reagiu a Igreja aos que protestaram diante das práticas imorais que adotava? Matou alguns desses padres, excomungou outros e perseguiu os restantes. Foi então que foi cunhada a expressão “protestante” e passado ao povo uma noção incorreta de que eles seriam inimigos da Igreja e de Deus, quando na realidade eles estavam demonstrando lealdade às escrituras e à Igreja enquanto instituição que (pretensamente pelo menos) representava a vontade de Deus. Observe que essas sumidades teológicas que “protestaram” diante dos atos imorais da Instituição que representavam estavam sendo probas e demonstrando caráter, mas a retidão delas foi questionada pois os valores imorais da Igreja dessa época eram institucionais e isso colocava em cheque a lealdade desses padres. Como se vê há uma dubiedade no que poderia ser considerada RETIDÃO por essa Igreja e essa dubiedade serviu de parâmetro para a avaliação do que seria lealde segundo os padrões imorais estabelecidos à época.
JUSTIÇA: Está aqui uma tarefa inglória. A justiça deveria ser a manutenção do “estado de direito” em que todos sejam considerados pelos mesmos valores e onde não haja acepção de pessoas. Eu disse e grifei deveria ser, pois raramente tal se dá na prática. O que se vê é dois pesos e duas medidas. Cito um exemplo pessoal. Um supermercado ao lado de minha casa está executando uma obra faraônica de ampliação de instalações. No decorrer da obra solaparam a terra que havia sob minha casa e aconteceram trincas, pisos que cederam e abalo de toda a estrutura da casa. Como moro em um condomínio a própria síndica chamou a Defesa Civil. A Defesa Civil compareceu ao local examinou o caso, tirou fotos, foi conversar com o proprietário do Supermercado LG em Sorocaba, à Rua Humberto de Campos no Jardim Zulmira (que é um político influente em nossa cidade). O que fizeram? O que se esperava deles é que embargassem a obra pois estava ferindo meus direitos. Mas não. Não fizeram nada contra o supermercado, apenas me deram duas intimações alegando que o piso externo de minha casa não estava seguro e que eu estava proibido de transitar por ali. Um advogado me aconselhou a ir à delegacia lavrar um Boletim de Ocorrência e a chamar os jornais para que fizessem uma reportagem a respeito. Quanto ao Boletim de Ocorrência o escrivão disse que não poderia lavrá-lo. Perguntei o porquê e ele disse que era uma questão que nada tinha a ver com a vara criminal. Falei que minha casa estava desabando e ele perguntou se alguém havia morrido. Quando disse que não ele disse: “- Se ninguém morreu, não é crime.” Quanto aos jornais, todos se recusaram a vir alegando que era ano eleitoral e que o dono do mercado era um político importante que recebia o apoio do jornal. Mas um dos jornais (outro) veio e tirou fotos, anotou meu depoimento, copiou as intimações da Defesa Civil e prometeu que publicaria a matéria na edição do dia seguinte. Nada foi publicado. Quando argüido a respeito o repórter se esquivou mencionando que o chefe de redação havia proibido a matéria e, à socapa me disse confidencialmente: “- Razões políticas, o senhor entende? Sabe como é, é ano eleitoral!” Ou seja, pelo menos em nosso país, há a justiça de fato e a justiça de direito. Embora pelo direito eu tivesse direito que se fizesse justiça, de fato o que aconteceu foi o oposto. Mas, em termos de definição apenas: Justiça é o meio pelo qual se consegue que o direito de todos seja respeitado e que não havendo discriminação entre as pessoas se instale o estado de direito. Quanto aos advogados, nenhum quis defender a minha causa pois os rendimentos daí provenientes não seriam substanciais o suficiente para serem considerados justos... Depois de muita conversa com o mestre de obras, pelo menos colocaram terra no buraco e uma pequena massa de cimento por cima.  Mas o Mestre de Obras foi demitido.  Procurei o proprietário do Supermercado LG, Sr. Lazaro de Godoy, candidato às próximas eleições e ele me prometeu completar a obra (falta muito pouco é trabalho de um dia se um só operário for habilidoso), mas não cumpriu sua palavra.  Em consequência disso, não posso usar o fogão (que está no meio de minha sala) há mais de um mês.
Não, não vivenciei em toda a minha vida (quase 62 anos) nenhuma situação que considere como demonstração clara de integridade de caráter, visto que não considero devolver trocos a mais, ligar para alguém que esqueceu a carteira, como demonstração CLARA de integridade de caráter. Acho esses, fatos corriqueiros e deveriam ser tão triviais à nossa natureza que não se constituiriam exceção e nem seriam julgados de competência para atestar integridade de caráter. 
Como encontrar a opção melhor e mais vantajosa para o bem comum? Visto que considero que as virtudes éticas só serão conquistadas com educação e exemplos, acho que a melhor opção continua sendo ensinar ética às crianças desde o berço e colecionar exemplos a respeito pois a única forma de aprender é o exemplo Exemplum docet. Enquanto a Ética continuar sendo ensinada apenas nos bancos universitários, não avançaremos um centímetro em direção à redenção ética de nossa sociedade e como tal não haverão vantagens ao bem comum.

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